quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Capítulo VINTE

Coloquei a última caixa no caminhão da mudança e voltei para dentro de casa. Eu e minha mãe íamos nos mudar mais uma vez. Ela tinha conseguido uma promoção no trabalho e estava sendo transferida para outra cidade. Pela primeira vez isso estava me deixando feliz. Odiava ter que ser assim tão nômade, mas dessa vez seria ótimo respirar novos ares.
Minha mãe me apressava. Entrei na nossa antiga casa e fiquei olhando o vazio. Aquela era uma parte minha que eu deixava para trás. Nunca pensei que seria tão difícil abandonar a primeira paixão. Voltei-me para a porta e vi Stéfany parada.
__ Você vai se mudar?
__ Não está vendo?
__ Eu queria te contar uma coisa que me aconteceu...
__ Nesse momento não me interessa mais nada que aconteça com você.
__ Nossa, Isa! Eu sempre fui sua amiga...
__ Claro! Você era minha amiga até ter me batido e me chantageado! Coisas que amigas não fazem.
__ Desculpa, Isa! Isso foi necessário...
__ Ai Stéfany não me faça rir. Agora por favor, vá embora que eu não quero ver você nunca mais.
Stéfany foi se afastando do caminhão da mudança lentamente, voltou-se mais uma vez para mim e disse:
__ Boa viagem.
Não respondi, não responderia nunca. Mas ela voltou até mim mais uma vez.
__ Só queria agradecer por você ter terminado com o Leandro, hoje ele me pediu em namoro.
Fingi não ter ouvido e continuei mexendo nas caixas, mas assim que ela foi embora me virei para vê-la se afastar até sumir no horizonte.
"Onde será que o Alexandre está? Espero que ele esteja com saudades minhas. Tomara! Quem sabe. não é? Eu também sinto falta dele, mas não sei, essa briga que tivemos..."
__ Isa, posso falar com você por um momento - Era Laura parada na minha frente com seu eterno ar de grande superioridade.
__ O que você quer agora? Você não ia embora para Paris? Porque ainda fica me atormentando?
__ Olha, Isa, eu não tenho culpa do que aconteceu. Você fez sua escolha...
__ Mas você não veio aqui para falar isso. O que você quer?
__ Eu queria me despedir de você. Não queria que nossa amizade terminasse assim. E eu também vim aqui para te desejar felicidades. Eu estou indo hoje para Paris... Vou começar minha nova vida, numa nova cidade e com o Nelson,a razão da minha existência.
__ Que bom, fico feliz por você e que você seja feliz nessa sua nova vida espetacular.
__ Adeus, Isa! Talvez eu te escreva uma carta, porque você sabe, você me trouxe a felicidade de volta! Você! Eu serei eternamente grata.
Laura entrou no seu carro e fechou a porta. Ficou ainda um tempo parada. Assim que ela ligou o motor eu lhe acenei um "Adeus" que me foi retribuído com um sorriso.
Agora já eram duas as pessoas que tinham voltado para me assombrar. Esses fantasmas. Fantasmas do recente passado.
__ Isa, minha filha! Vamos! Entre aqui no carro. Já está tudo pronto para irmos embora, vamos!

Pela estrada só pensava em Alexandre e tudo que tinha acontecido. E como tudo tinha sido rápido. Não houve tempo suficiente para nada. Teria o Alexandre me esquecido?
__ O que houve, filha? Porque você está tão quieta?
__ Não é nada, mãe. É só a mudança. Você sabe que eu não gosto de ficar me mudando - "Ah! Estava adorando mudar de cidade".
__ Olha, Isa. - parou por um momento antes de planejar a próxima frase - Dessa vez nós ficaremos por lá bastante tempo. Bastante.
__ Assim espero, mãe. Assim espero.
As ruas passavam por mim e eu não ligava para elas. Várias placas de trânsito ficaram para trás, mas uma me chamou atenção. "20Km" Faltavam vinte quilômetros para por os pés na minha nova casa. Resumindo, faltavam vinte quilômetros para esquecer meu passado e me preocupar com meu presente e futuro.
Passamos pela estrada da cidade. Por curiosidade, uma entrada feia que caracterizava a péssima cidade onde iria passar a viver melancólica.
Uma casa amarela me surgiu na visão. Até me assustei com aquela cor horrível. Minha mãe estava feliz era isso que me estimulava sorrir.
Chegamos, finalmente.
Entramos na casa. Não era de todo mal.
__ Você já está matriculada numa escola, Isa. Amanhã você tem aula.
"Já? Aula? Pensei que teria uns dias de folga".
__ Já?
__ Já sim. Não é bom você ficar perdendo aula, ainda mais agora em dezembro.
__ Mudar de escola em dezembro. Só eu mesma.
Quando falei isso minha mãe já tinha saído da sala.

Tocou o sinal da 1ª aula e eu estava na sala, dessa vez não tinha sentado no canto, mas no meio da sala. Era aula de alguma coisa que eu nem me forcei à prestar atenção. Eram vários rostos que eu não conhecia. Alguns meninos me olhavam e davam risadas. Um deles até piscou para mim. "Aff" Os sinais das aulas tocaram e um menino feio falar comigo.
__ Eai gatinha! Tá afim de sair comigo?
__ Estou afim de vomitar depois de ter escutado isso. Agora sai de perto de mim. Nunca mais se aproxime.
Estava sozinha em meu canto quando o sinal tocou e todos os alunos estavam eufóricos. O professor entrou e eles nem pararam. Parecia que não tinham respeito por ele.
__ Silêncio, classe! Para os seus lugares! Vamos!
Não, não podia estar acontecendo isso de novo, o meu novo professor de física era o mesmo. O mesmo de antes - Alexandre.
Sem levantar os olhos dos livros, ele disse:
__ Parece que temos uma aluna nova hoje. - Alexandre, ao me ver ficou pálido, assustado - É você a aluna nova? - disse ele tremendo.
__ Sim, sou eu! - "Não é possível que isso esteja acontecendo! Não! Não comigo!"
Ele colocou os livros da mesa e sentou-se.
__ Seja bem vinda - disse friamente.
Alexandre começou a explicar aquelas coisas de Física que eu nunca entendo. Às vezes, nossos olhares se encontraram, mas logo ele parava de me olhar. Como sempre, não prestei atenção na aula e estava com medo, pois as provas finais estavam chegando.
"Não estou nem ai. O importante é que o Alexandre está na minha frente novamente".
Meu dia estava monótono. O barulho estrondoroso do sinal selou as aulas do dia. Todos os alunos saíram correndo. Eu estava como sempre atrapalhada e não conseguia guardar meu material. Quando consegui enfiar os livros na bolsa, olhei ao redor e vi que Alexandre continuava sentado com a cabeça baixa sem olhar para frente.
__ Porque você está aqui?
O silêncio tomava conta da sala, não sabia o que responder. "Porque ele está me perguntando isso? Eu não sabia que você estava aqui"
__ Eu estudo aqui agora!
__ Você sabe o que eu quis dizer! Não fiz essa pergunta medilcre, fiz uma pergunta séria!
__ Eu não sei! Eu me mudei pra cá! Não sabia que você estaria aqui!
Alexandre pôs-se a andar na sala nervosamente.
__ Apesar de tudo, isso é engraçado - nunca pensei que Alexandre fosse concordar com o que eu disse.
__ Perdoar é um ato divino que nem todos conseguem fazer. A vida nos prega peças e o destino parece que está querendo nos juntar novamente. Acho melhor fazer o que ele quer.
"Desde o primeiro dia em que passei a estudar naquela escola, minha vida mudou bastante, agora sim eu sei que foi para melhor".



FIM

2 comentários:

  1. esse livro tinha tudo pra ser beeem maior,,,,
    corremos demais.... estou triste q a Isa só exista na minha cabeça agora,,,. Pelo menos assim ela faz menos loucuras,,, loucuras normais,,, o mundo nao precisa de mais loucuras normais,, jah tem o suficiente,,nao sei,, as delas deveriam ser grandes, enormes!,,,deveriam ultrapassar todos os limites da 'compreensão' da sociedade (generalizando).. pq sim, mesmo nesso mundo terrivel, alguem entenderia a Isa,, mas tudo bem,, ate q ela se esforçou e fez o q queria.. de um jeito ou de outro,, nao importa mais,, ela jah nao existe.

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  2. Bem será que voce ainda usa esse blog? É engracado te fucei no orkut e fui impossibilitado de falar com voce, precisava do e-mail etc e tals, dai fucei teu blog so por curiosidade e comecei a ler essa historia... ela é rapida dinamica bem narrada bem escrita, nao é meu tipo de historia nem nada nem gosto do genero, mas voce escreveu tao bem que foi dificil tirar os olhos do computador, peguei os primeiros capitulos para ter uma ideia e depois li o ultimo. Muito engracado Isa na maca com todos os medicos observando-a e com o seu sarcasmo sem graca ahahahahha, ler isso ai me fez lembrar o meu tempo de escola, como um garoto claro... mas toda essa conversa de aulas e de fisica e de amores platonicos e reais e tudo o mais é típico de colégio! Voce tem tato mocinha, nao para de escrever... se voce acha que a isa poderia fazer muito mais loucuras conheco uns outores que voce provavelmente ia gostar de ler posso te passar depois. Um abraco... te cuida ^^

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