segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Capítulo DOZE

Aquele dia de grandes revelações acabou e hoje estou em meu quarto esperando a dolorosa visita de Stéfany.”
Ela tinha ligado mais cedo pedindo para conversar comigo. Minha vida estava ficando cada vez mais intensa. “Será que aquela vaca filha da puta vai falar alguma coisa pra mim?! Ela nem tem caráter pra isso!” A campainha tocou.
Abri a porta.
- Olá, posso falar com você? – Era Stéfany.
- Você já me perguntou isso pelo telefone. Afinal de contas o que você quer falar? Se for pra me explicar algo não é preciso, eu já vi o suficiente.
- Posso entrar? Prefiro conversar sobre isso aí dentro.
- Entre, pode entrar.
Fechei a porta atrás de Stéfany enquanto ela começava a falar vagarosamente.
- Eu sei que você pode estar um pouco nervosa comigo, sabe? Por causa do que acontece. Não era pra você ter visto.
- Ah! Me desculpe. A culpa foi toda minha, se eu tivesse aparecido por lá outra hora!
- Não faça assim, Isa. Eu não quero brigar com você, eu gosto da sua amizade.
- Devia ter pensado nisso antes de sair por aí beijando pessoas comprometidas! – Gritei com todas as minhas forças.
- Arranje um espelho antes de vir me falar isso. – Ela disse calmamente entre risos. Olhou para minha direção e sentou-se na escada.
Eu estava paralisada. Não conseguia me mover.
- O que você disse?
Stéfany não respondeu. Apenas ficou encostada nos degraus olhando para os seus joelhos.
- Responda! Responda agora! O que é que você disse?
-Você está achando que é a santinha nessa história, mas não é! Eu sei de tudo!
Quando Stéfany falou aquilo, um arrepio subiu por meu corpo. Meu segredo estava sendo revelado.
- Tudo o quê? Fale logo!
- Eu beijei o Leandro por inveja! Eu tenho inveja de você! Você tem o amor da minha vida aos seus pés quer levar o pai junto? Eu vi o Alexandre te beijando. Por quê? Agora que você tem o Alexandre, por que ainda está namorando o Leandro? Deixe de ser egoísta, Isabela!
- Eu não posso! Você nunca iria entender.
-Não pode? Como não pode? O Alexandre te ama também. Não tem razão para você continuar com o Leandro! Fale a verdade! Você nem o ama!
- Eu odeio o Leandro!
Ela ficou em silêncio. Não esperava por esta resposta.
- Por que você namora alguém que não ama? Alguém que você odeia! – Disse isso e começou a chorar.
- Eu não odeio o Leandro. “Agora que eu já disse não tem mais volta, ela não vai acreditar.”
- Você disse que odeia! Disse que odeia o seu namorado! Mas você não entende, eu o amo. Do mesmo modo que você ama o Alexandre.
- Eu não amo o Alexandre.
- Claro que ama. Eu como você olha pra ele.
- Você está enganada.
- Então por que vocês estavam se beijando?
“O que eu digo agora? O quê?”
- Aquilo não significou nada. “Significou minha vida!”
- Eu não acredito em você! Você é uma mentirosa! Por favor, fale a verdade pelo menos uma vez.
- Eu... Nunca pensei que seria tão difícil... Contar pra você! O Alexandre a partir do dia que eu o vi, passou a ser a razão da minha vida. Eu usei o Leandro como um caminho mais fácil para chegar até o Alexandre. Eu desprezo o Leandro.
- Nunca imaginei que você fosse capaz de fazer isso! Achei que fôssemos amigas!
- Mas nós somos amigas! Esse foi o único jeito que eu achei para poder conseguir o que eu queria. Se eu soubesse que você gostava do Leandro, eu nunca teria aceitado o pedido dele.
- Ele pediu? Como? Quando?
- Quando você foi embora, naquele dia que fizemos o trabalho de física.
Ela se levantou da escada e ficou parada em frente a porta. Cheguei a pensar por um momento que ela ia cair. Mas Stéfany recomeçou com as perguntas.
- Você vai terminar com o Leandro?
- Claro que não! Por que eu faria isso? – Perguntei.
- Porque eu sei sobre o Alexandre.
Coloquei as mãos na cabeça para tentar afastar a dor de cabeça que me tomava todos os pensamentos.
- O que você vai fazer? Vai me chantagear?
- Sim – Stéfany respondeu sorrindo – Você usou o Leandro para chegar até o Alexandre e eu estou usando você conseguir o Leandro. É justo, não é?
- É justo – Respondi sem alternativas – É justo. Mas você não precisou do Leandro livre para beijá-lo.
- E você não precisou do Alexandre livre para fazer o mesmo.
Stéfany falou isso e saiu pela porta que deixou aberta.
Ajoelhei no chão e comecei a chorar.

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