segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Capítulo DEZOITO

Laura passou por Alexandre e desceu as escadas correndo. Ele estava desesperado e não sabia o que fazer. Nem ele nem eu.
Aproximei-me de Alexandre e o abracei tentando consolá-lo, mas ele me evitou e desceu as escadas também. Apenas fiquei olhando de cima da escada. Nelson sangrava muito. Laura pegou o telefone e discou para um médico.
"Meu Deus! Olha o caos que tudo isso se transformou. Maldita hora em que eu aceitei aquele trato".
Eu estava imóvel. Nunca havia presenciado tal situação e devido ao isso, não sabia o que fazer. Laura havia pego algumas toalhas e agora enxugava o sangue que jorrou de Nelson. De repente a casa se encheu de enfermeiros. Nelson foi colocado em uma maca e o levaram para dentro da ambulância. Laura entrou junto e foram embora em direção ao Hospital mais próximo.
Alexandre subiu as escadas e parou na minha frente.
__ Saia dessa casa agora! Anda! Vai embora!
__ Você não pode fazer isso! Não pode me expulsar da sua vida.
__ Não só posso, como estou fazendo. Sai daqui! O que você quer que eu faça para você sair daqui?
Ouvi passos da escada. Logo vi que Leandro estava subindo.
__ O que está acontecendo aqui? Qual o motivo dessa gritaria? Porque tem sangue ali embaixo?
__ Não se intrometa, meu filho! Eu preciso resolver um assunto.
__ Assunto?! Com essa ai? O que a Isabela tem a ver com você? O que vocês tem a resolver? E alguém pode falar porque tem sangue na escada?
O silêncio prevaleceu. Leandro estava indignado com o que acontecia. Ele apenas olhava o pai. Nem arriscava me olhar. Depois do que aconteceu entre nós, tudo ficou diferente. Nossa amizade, que por sinal nunca foi verdadeira por minha parte, hoje já não existia mais.
__ O que está acontecendo? Você realmente quer saber? - Eu disse chorando enquanto ria.
__ Cale a Boca! - Alexandre gritou com força suficiente para que uma veia em sua testa ficasse claramente visível - Cale a Boca! O que você está fazendo? Você está louca?
__ O que está acontecendo, meu querido, é muito simples. Acontece que o papai aqui não é nada do que você imagina.
__ Pai, o que ela está falando? - Leandro perguntou com medo de ouvir a resposta.
__ Não é nada, meu filho, esta garota está louca!
Olhei nos olhos de Alexandre e depois num espelho que havia numa das paredes do hall. Difícil olhar no espelho com essa poça de sangue na minha frente.
Arrumei meus cabelos num côque improvisado. Fui até a porta. Parei com ela aberta e disse olhando para Alexandre.
__ Leandro, acontece que você não foi o único que teve um caso comigo.
Fechei a porta atrás de mim e decidi ir até o hospital. Na rua ainda podia ouvir gritos que vinham da casa de meu professor. O dia estava quase amanhecendo. Eu estava começando a pensar em mudar de cidade. Queria fugir, queria afugentar os fantasmas do meu passado, queria ver Laura e Nelson felizes. A culpada de todas essas desgraças se chama Isabela.
A rua estava vazia. De vez em quando passava um carro e buzinava para não me atropelar. Parei e comecei a refletir. Olhei para trás e resolvi voltar para casa.
Abri a porta. Atravessei a sala e fui para meu quarto. Peguei todos os remédios que pude encontrar e voltei para sala. Minha mãe ainda estava dormindo.
Sentei no chão ao lado dos remédios e comecei a engoli-los rapidamente. Tentava me matar, não que eu quisesse realmente morrer, mas precisava me desligar do mundo por um tempo. "Ah! Onde será que anda essa tal felicidade que parecia que todos conseguem, menos eu. Queria parar o mundo, parar e voltar no tempo, consertar tudo que eu fiz! Talvez seja por isso que algumas pessoas são felizes e outras não. Umas conseguem voltar no tempo e outras se limitam a sentar-se no chão e tomar remédios até ficar inconsciente. Não sei. Quem sabe seria melhor eu parar logo com isso. Não! Você não pode terminar algo já começado! Até o fim, Isa! Até o fim!".
Engolia cada vez mais rápido aquelas bolinhas coloridas, eu não me lembro bem o que era. Minha vista estava turva. Algum tempo depois apaguei.
Acordei com Laura me sacudindo e gritando meu nome. Olhei num canto da Sala e vi minha mãe correndo na minha direção. Não ouvia nada claramente. Parecia que eu estava numa piscina. Embaixo d'água e elas fora.
Fechei os olhos novamente e deixei minha vida à vontade de Deus.

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