segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Capítulo DEZ

Os dias de minha vida passavam cada vez mais rápidos. Minha vida estava de cabeça pra baixo. Meu professor de física tirava todo o meu tempo.

Agora estava namorando o Leandro. “É lógico que toda essa palhaçada é somente pra ficar mais perto do Alexandre. Não posso deixar que o Leandro perceba isso.” Aquele dia acordei com muita preguiça. Chovia muito. Minha cama estava muito melhor que o dia podia me oferecer.

Minha mãe entrou no quarto e me falou que havia uma mulher muito charmosa querendo falar comigo. Levantei da cama e desci as escadas ainda de pijama. Ao pé da escada estava Laura com um vestido deslumbrante.

- Isa, será que eu posso falar com você?

- Claro, Laura! Vamos até a cozinha... Eu só vou trocar de roupa. Fique um pouco com minha mãe!

Fui até meu quarto e coloquei a primeira roupa que encontrei. Troquei o mais rápido possível. Sai correndo. “Meu Deus! O que será que a Laura quer comigo a uma hora dessas?”

Parei no meio do caminho. Laura e minha mãe estavam começando uma conversa, uma conversa cobre mim. Me escondi atrás da parede e escutei.

- Então, Laura querida, eu já alertei milhões de vezes minha filha. Ela sabe muito bem o que pode acontecer.

- Sim, Helena! É bom mesmo a gente alertar nossos filhos. Mas conte-me, o que houve com o pai da Isa?

- A Isa não gosta muito de falar do pai. Ele me abandonou numa hora crítica. Quando eu realmente precisei dele. Isabela ainda era uma criança e ela amava muito o pai, que a decepcionou muito. Quando engravidei ainda estava estudando e o Augusto estava na faculdade. Ele estudava medicina e teve que largar tudo pra assumir minha filha. A vida sempre foi difícil pra nós. Um dia ele se cansou e foi embora. Me deixou sozinha com uma filha pra criar. Eu, depois disso, nunca mais ouvi falar dele.

- Entendo, já vi muitos casos iguais a este. É muito complicado.

- Complicado, querida? Queria ver se fosse com você. O que você faria se o seu marido fosse embora, talvez com uma mulher mais nova do que você, e te deixasse sozinha cuidando do seu filho?”

Meus sentimentos estavam aguçados. Apareci na porta e pude ver Laura olhando fixamente em meus olhos. “Preciso tirar a Laura daqui! Agora!”

- Mais complicado ainda aconteceu na nossa outra cidade. Acredita que uma professora foi pega com um aluno?

- É... Laura, eu estou pronta. Podemos ir? – entrei na cozinha interrompendo alguém a conversa que minha mãe acabara de começar.

- Acalme-se, minha filha! Relax! Eu aqui conversando com sua amiga, que por sinal ainda não sei quem é.

- Ah, claro, Helena. Eu no momento sou esposa do professor de física da Isa.

- Você? Achei que ele não fosse casado. Pelo o que a Isa fala dele...

Já estava ficando com vergonha. “Era só o que me faltava.”

- Bem, o papo de vocês está bom, mas a Laura precisa ir embora. Vamos?

Laura se levantou e me acompanhou até a porta. Minha mãe nos olhou entrar no carro e desaparecemos no horizonte.


- Onde estamos indo? – Perguntei depois de estarmos no meio do caminho. Minha mente viajava quando estava na estrada.

- Vou te levar até minha galeria. Quero que você conheça alguém.

“Alguém? Alguém quem? Meu Deus que mulher mais estranha.”

Passados alguns minutos arranjei coragem e perguntei, mesmo tendo medo da resposta.

- Com quem eu vou me encontrar?

- Com o Nelson, você se lembra dele? O homem da pintura.

“O homem da pintura? Mas por que eu vou conhecer o amante da esposa do meu professor? Isso não faz sentido... Nada disso faz sentido.”

Respirei mais uma vez antes de conseguir fazer minha voz sair da garganta. Estava presa.

- Por que você vai me apresentar ao Nelson? Quero dizer, eu não entendo qual o propósito.

Laura agora olhava para mim e não mais para a estrada. Estava séria e com lágrimas nos olhos.

“Não olhe para mim dessa forma outra vez! Olhe para a estrada! Olhe ali na frente! Está vendo a estrada aí?”

A velocidade do carro foi diminuindo aos poucos até parar no acostamento. “Por que paramos?”. Estava em pânico.

- Eu gostaria muito que você conhecesse o Nelson, sabe? Para que você me entenda. Não quero ser vista como a mulher que trai o marido por diversão. Eu quero que você me entenda. Eu preciso. Eu não sei explicar, mas parece que você é a única pessoa em quem eu posso confiar. Eu não entendo. Eu mal a conheço. Confiei em você assim que a vi. Assim que a vi nos braços de Alexandre. Mas não por isso, entende? Não porque você estava abraçada nele, mas porque eu confio em você. Simplesmente confio.

Ela ligou o carro e continuamos pela estrada. Tudo era silêncio. Eu não dissera nada depois de tê-la ouvido. O carro parou em frente a um prédio. Descemos e começava a chover. Fomos entrando. O lugar era bem estruturado, havia muitos quadros. “Claro que há quadros, é uma galeria.” Subimos as escadas e entramos na sala da diretoria. Havia um homem de terno. Ele estava de costas. “Se curiosidade matasse.”

Continuei olhando para ele quando Laura passou por mim. Ela se aproximou dele e o beijou.

- Quero que conheça uma pessoa. Essa é a Isa.

Nelson virou-se e só assim pude ver seu rosto. Ele me olhou da cabeça aos pés.

- É essa a garota?

“É essa a garota? Poderia ter sido mais educado comigo. Educação não faz mal a ninguém.”

- Sim... Ela concordou em nos ajudar.

- Será que isso vai dar certo, Laura? Você nem conhece essa garota.

Nelson falava sobre mim como se eu não estivesse ali. “Como a Laura pode trocar o Alexandre por este homem tão rude?”

- Não se preocupe – disse eu – Eu não vou estragar nada. Eu também dependo desse plano, não é mesmo, Laura?

- Sim, querida. Todos nos estamos com a corda no pescoço.

Sentei-me num sofá verde que havia no escritório. Laura acendeu um cigarro e começou a andar em volta de uma mesa de ébano. Parou, olhou nos meus olhos e disse:

- Não se esqueça, Isa. Eu confio em você.

-------------------------------------

PEDIMOS DESCULPAS PELO NOSSO ATRASO NAS POSTAGENS.


Nenhum comentário:

Postar um comentário