segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Capítulo SEIS

__ Você foi bem na prova Isa?
Mal havia saído da sala e Leandro já estava me cercando e fazendo perguntas.
__ Parece que sim. Eu acho que estou com sorte.
__ Você viu aquela aluna nova? Ela passou a prova toda olhando para mim e pra você. Que estranho.
__ É, eu também reparei que ela ficava me olhando. Acho que ela ainda não conhece ninguém.
__ Então vamos falar com ela, assim nós já descobrimos o porquê ela ficava nos olhando.
Leandro sorriu e colocou a mão no meu ombro. “De Novo?” Coloquei minha mão sobre a dele e a tirei do meu ombro. Ele me olhou um pouco surpreso por eu ter feito isso agora, no cinema eu não tinha hesitado hora alguma.
Concordei com sua ideia e fomos falar com Stéfany. Stéfany, a aluna nova, estava sozinha em um canto do Refeitório. Olhei para ela e senti pena. Eu também já havia passado por isso. Mas o que eu queria mesmo era saber qual o motivo de tanta atenção que ela mantinha em mim. Leandro estava na minha frente. Ele conversou com ela primeiro.
__ Oi! Seu nome é Stéfany, não é?
Ela nos olhou e não falou nada apenas concordou com a cabeça.
__ Eu sou o Leandro e essa aqui é a IsaStéfany demonstrou interesse quando Leandro disse meu nome. Seus olhos fuzilavam em direção aos meus.
___ Você não deve conhecer ninguém aqui... Se precisar de alguma coisa, pode contar com a gente.
“Não aguento essa enrolação que o Leandro está fazendo. Quero perguntar o que está acontecendo” – óbvio que não poderia fazer isso. Tinha que tentar ser amigável.
__ Eu não gosto muito de me enturmar. Eu também não sou muito de conversa. Não me levem a mal, eu apenas não quero...
“Entendo o que você quer dizer” – esta estava sendo a segunda vez que ouvia a voz dela e já estava começando a entendê-la. Logo não haveria mais raiva.
__ Venha conosco! Não precisa ter medo, nós não mordemos! – olhei para Leandro e ele estava quieto e sério. Depois olhei para Stéfany e ela me olhava com uma cara assustada. Então lembrei de minha promessa de nunca mais fazer piadas. “Meu Deus! Vou escrever na testa – Não Fazer Piadas...”.
Leandro virou e saiu deixando eu e Stéfany sozinhas.
__ Eu também sou nova aqui – disse lhe – Estudo aqui há pouco mais de uma semana. Hoje na prova me arrependi de ter entrado nessa escola semana passada. Devia ter entrado hoje pra não fazer a prova.
__ Ainda bem que não tive que fazer porque sou péssima em física.
Não sei ao certo porque, mas estar ao lado de Stéfany me fazia tão bem naquele momento. Fazia com que eu me sentisse viva. Viva por dentro. “Finalmente vou arranjar uma amiga nessa escola, já estava demorando pra eu encontrar alguém para conversar conversas concretas. Alguém no meio da alienação!”
No corredor da escola, as pessoas passavam por nós lentamente. Queriam saber quem era a nova aluna. Andavam devagar o suficiente para gravar nossas figuras na cabeça.
“Este é o melhor dia que eu passo nesta escola. Stéfany é a pessoa que eu mais admiro aqui, sem contar meu querido Alexandre”.
Eu levantei e fui me arrastando pelo corredor. O sinal ensurdecedor continuava soando. Passei pela porta da Sala de Aula e tomei meu lugar. Eu era a única ser humano dentro de um lugar habitado por vírus e bactérias. Estava feliz, agora seria a aula de Física e eu tinha certeza que havia ido bem na prova Surpresa. Alexandre adentrou e me olhou fixamente. Não tive coragem de parar de olhá-lo. Logo todos os alunos estavam todos em algazarra. Stéfany sentou ao meu lado e jogou um sorriso amigável em minha direção. Breve, todos estavam em silêncio observando Alexandre falar.
__ Como a maioria de vocês foi mal na prova surpresa, resolvi dar-lhes uma segunda chance. Vou passar uma lista de exercícios que deve ser resolvidos em grupos. Grupos de duas ou três pessoas.
“Grupo? Ou vou ficar sem companhia ou farei com o Leandro. Talvez Stéfany queira”.
Leandro olhou na minha direção enquanto fazia um movimento com a cabeça querendo dizer “Vamos fazer o trabalho juntos?” fiz que sim com a cabeça. Ele virou-se para Stéfany e fez o mesmo movimento. Pude ver de onde estava que nosso trio estava formado.


Chegamos na casa de Alexandre. “Será que ele está aqui?” Estava tudo em silêncio e escuro. Só agora eu tinha percebido que, mesmo não estando escuro lá fora, dentro da casa nunca havia claridade do sol. “Talvez seja esse o motivo para todos esses abajurs”.
Stéfany parecia encantada com tudo aquilo. Olhou todos os cantos que pôde da sala, até o teto ela tratou de examinar. Era sua primeira vez na casa de Leandro. A mesa estava arrumada para fazermos o trabalho. Leandro retirou da bolsa um livro de Física e abriu na página dos exercícios. Todos sentamos ao redor da mesa e Stéfany continuava a observar tudo e todos. Leandro percebeu que faltava papel e se levantou para pegar alguns.
__ Leandro, pode deixar que eu pego. Fale-me aonde tem...
__ Já que você insiste, Isa. Eu acho que deve ter no quarto dos meus pais. Sobe as escadas e é a primeira porta.
“Novamente aquele quarto... Tenho boas lembranças. Será que o Alexandre está lá?”
Fui me distanciando do meu grupo e me aproximei do palco dos meus sonhos.
Abria porta. O quarto estava vazio. “Onde será que tem papel aqui?”
Numa das paredes vi uma porta de vidro. “Tinha uma porta aqui? Meu Deus, eu não tinha reparado. Também, com o Alexandre na minha frente e me abraçando, eu nunca viria a reparar numa porta. Para onde será que ela leva?”.
Fechei a porta do quarto, não queria que ninguém me visse num momento de tanta curiosidade.
Abri a porta. Era o Ateliê de Laura. Cheio de telas jogadas para todos os lados, tintas, infinitas tintas. Todas as cores possíveis. Havia quatro potes com pincéis sujos, panos manchados e algumas plantas. Entrei e fui fechando a porta com um leve empurrão. Ouvi um barulho. Passos e alguém cantarolando uma musica de Piaf. “Tem alguém aqui. Não acredito. Vou sair antes que me vejam”. Minha curiosidade foi maior do que o medo.
Continuei parada atrás do biombo verde que havia perto da porta, enquanto esperava que algo acontecesse. Não aconteceu. Impaciente, sai detrás do biombo. Na minha frente estava Laura pintando um quadro. Uma pintura de um homem abraçado com uma mulher. A mulher era ela. O homem não era Alexandre.
Não sabia o que fazer. “Será que devo me revelar? Será que Laura irá ficar brava por eu ter entrado aqui?” Eu segui alguns passos para poder ver melhor a tela. Pensando bem, a Laura tinha um grande talento para a pintura. A tela estava perfeita, tinha um brilho especial que chamava a atenção de quem olhava. Mesmo olhando mais perto, eu não conseguia identificar aquele homem... Era um homem de boa aparência e pela pintura parecia que ela o admirava muito. Fui me aproximando quando Laura percebeu minha presença se virou fazendo seu olhar encontrar o meu. “Senhor me proteja. Quero forças para perguntar quem é ele”.
__ O que você está fazendo aqui? Com que direito você entra no meu ateliê sem a minha permissão?! Saia já daqui!
__ Me desculpe Laura. Eu não quis interromper. Eu pensei que não tivesse ninguém aqui.
__ Nem se não tivesse! Fora agora mesmo!
__ Eu só queria saber quem é esse homem que você pintou, eu não o conheço.
__ Por acaso, você tem que conhecer todas as pessoas do mundo? – seu rosto ficava mais vermelho cada vez que gritava.
__ Não me leve a mal, só perguntei por pura curiosidade... Você sabe, como não é o Alexandre que está desenhado ai no quadro com você, eu fiquei imaginando quem poderia ser – um silêncio pesado e cortante ficou no ateliê, como se resolvesse passar férias acampado entre nós.
Laura me olhou de cima a baixo e começou a rir histericamente. Depois parou por um momento e chorou. Chorou rios de lágrimas por muitos minutos.
__ Você realmente quer saber quem é esse homem da tela? Pois então eu vou lhe contar!

sábado, 29 de agosto de 2009

Capítulo CINCO

__ Então Isa, você entendeu mesmo? Nessa parte você tem que prestar atenção, parece difícil, mas não é. Pode acontecer de ter alguma pegadinha em uma questão, mas acho que não vai acontecer. Isso é o essencial que você precisa saber no momento.
“Meu dia já começou mal. A Física está me matando” – Nessa hora não queria mais pensar em nada. Tudo o que o Leandro falava entrava em minha cabeça e não fixava. Eu não aguentava mais ouvir a voz dele, estava ficando enjoada.
“Se é para aprender Física que seja com o Alexandre”.
__ Você está entendendo? Parece que não.
“Meu Deus! Como ele insiste em me irritar, além de eu não ter pedido explicação nenhuma, ele ainda fica me obrigando a entender o que eu não quero saber. Não saber e pedir ajuda para o professor”.
__Claro que estou entendendo.
__ Então o que foi que eu disse?
“Quando eu disse que não sabia a matéria, não queria que você me explicasse”.
Lembro de, antes da interminável explicação de Leandro, ter pensando “Vou comentar que estou com duvida em relação a matéria e perguntar se ele sabe onde o Alexandre está. Assim eu posso tentar esclarecer o que aconteceu ontem”.
__ Não sei, desculpe. Eu não estou conseguindo entender.
__ Tudo bem, eu sou um péssimo professor. Talvez meu pai possa lhe explicar.
__ Acredito que seja melhor mesmo. Eu só acho que ele pode ficar bravo comigo por eu não conseguir entender.
__ Imagina Isa! Tenho certeza que ele vai te explicar... Ele não é um carrasco.
__ E você sabe onde ele está?
__ Bem... Provavelmente ele deve estar na Sala dos Professores... Vai até lá... E acho melhor você ir logo porque vai bater o sinal. Ai ficará difícil você falar com ele.
Dei as costas para Leandro e fui em direção à Sala dos Professores. Nunca havia reparado que aqueles corredores eram tão longos. Parecia que estava andando a horas. Eu já estava começando a ficar nervosa. “Quero tirar essa história a limpo”. Porém tinha medo de estragar minha fantasia. Ainda não sabia se esse seria mesmo o melhor caminho a seguir.
Fui me aproximando do meu destino. Minha mente não pensava em mais nada, estava começando a achar que deveria sair correndo e deixar tudo como está.
Apareci na porta e todos os professores olharam para mim. Eu olhei por toda a sala e não pude ver o Alexandre. “Ele não pode ter faltado hoje”.
__ Há algum problema Senhorita Isabela? – educadamente perguntou-me Miguel, professor de História.
__ Eu estava procurando o professor Alexandre...
__ Ele está na Secretaria.
__ Obrigada professor. Eu vou ver se consigo falar com ele.
Sai de lá correndo, tinha pânico de Sala dos Professores. “Foi numa sala dessas que aquela professora foi pega com o aluno”. Ainda me lembro desse dia. Cheguei na escola e fui até a secretária procurando pela professora Juliana, precisava lhe mostrar um artigo sobre células-tronco que tinha encontrado na internet. Percebi que não havia ninguém na escola, além de mim e outros funcionários. Fui até a sala dos professores, aquela sala nunca ficava vazia, provavelmente alguém iria me informar sobre a professora.
Abri a porta. As luzes estavam apagadas. “Luzes Apagadas? Elas nunca estão apagadas”. Num dos cantos, encontrei Juliana com um de meus amigos. Ela e Gabriel não me viram.
Sai e fechei a porta sem fazer barulho. Enquanto andava pelo corredor, pude ver que a faxineira da escola estava entrando por aquela porta. Minutos depois ouvi gritos e um choro compulsivo.
Ouvi o sinal da primeira aula tocando. “É melhor correr se eu ainda quiser falar com Alexandre”. Sai correndo como uma louca, talvez tenha até esbarrado em alguém, mas nem liguei. Continuei correndo.
Estava me aproximando da Secretaria quando parei de correr. Meu coração estava batendo muito forte e rapidamente. Comecei a ouvir vozes. Ouvi a voz do Alexandre, esta eu não confundia, e também uma outra voz que não consegui saber de quem era. Abri a porta. Fui entrando sem ser percebida.
A conversa fluía normalmente. Eu ainda continuava sem saber de quem era aquela voz. Continuei entrando. De repente o sol iluminou a janela e refletiu em minha cara branca. Todos passaram a me observar. Fiquei assustada e com vergonha.
Todos olhando para mim, menos Alexandre e uma garota com quem ele conversava. Ela era alta, de olhos e cabelos castanhos. Seu sorriso era mágico, chamava a atenção de todos, inclusive a minha.
__ Com licença professor – disse abaixando a cabeça – Posso falar com o senhor por um momento?
Aquela garota olhava insistentemente na minha direção. “Sim, eu sei que interrompi a sua conversa”.
__ Só um minuto, Isabela. Já falo com você.
“Já falo com você? Que audácia, depois do que aconteceu ele vai continuar me tratando como uma mera aluna?”
__ Sim, senhor – Respondi entre dentes.
__ Não, não! Me espere na sala de aula.
“Me espere na sala de aula! Agora não consigo entender nada. Aquele sem vergonha de professorzinho de merda”. Segui andando pelo corredor e apenas pensava em como poderia matar a aula daquele que nem quero dizer o nome.
“Meu Deus! Não quero olhar para ele. Essa família está começando a se tornar repugnante”. Cheguei a porta da Sala. Meu olhar se desviou para dentro. Vi minha carteira vazia e todos os alunos estavam conversando. Olhei Leandro, ele era o único que estava em silêncio lendo um livro. Continuei parada na porta, quando recebi um empurro de leve. A menina da secretaria passou por mim e entrou na sala. Ela se direcionou a uma carteira vaga ao lado da minha.
Alexandre, no mesmo momento, passou do meu lado e entro na sala. Ele nem reparou em mim. Entrou irritado e começou a gritar com a classe.
__ Silêncio! Eu quero silêncio agora! Vamos ter uma Prova Surpresa sobre a matéria da semana passada. Você Stéfany, se não quiser fazer a prova, tudo bem. Afinal de contas você chegou hoje.
Stéfany? Mas que nome... Lembra-me alguém.”
Olhei para Stéfany e ela tinha sua aparência feliz. “É claro que tem a aparência feliz, ela acabou de se livrar de uma prova de Física”. Todos fecharam seus livros e Alexandre passou entregando as provas. Ele colocou uma sobre minha carteira e quando olhei tive vontade de me matar. A prova tinha três páginas de frente e verso e várias figuras que eu nem sabia do que se tratava. Olhei em volta e estavam todos concentrados fazendo a tal desgraça da prova de Física. Leandro nem piscava e Stéfany olhava para mim.
“Prova Surpresa? Péssima ideia... Devia ter entrado na escola hoje, assim eu também não teria que fazer a prova. Que tanto essa garota me olha?”
Me virei para Stéfany e lhe dei um sorriso, que me foi correspondido animadamente, tão eufórico que achei estranho.
Alexandre andava pela classe em volta das fileiras, ao passar por mim, deixou sobre minha mesa uma folha de caderno. Pensei que talvez pudesse ser um bilhete explicando o acontecimento do dia anterior. Não era. No papel estava anotado todas as respostas da prova. Fiquei paralisada, não sabia o que eu deveria fazer.
Ele continuou andando pela sala enquanto Stéfany assistia a tudo.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Capítulo QUATRO

Estava tudo tão silencioso que ao fechar a porta, um barulho estrondoroso ecoou pela casa. Minhas pernas estavam moles, mal conseguia sustentar meu peso. Ao ouvir o fechar da porta, me senti muito culpada pelo que aconteceu. “Isso está errado! Parece que há uma nova Isa dentro de mim. Não posso fazer isso”.
Dei um passo a frente. Meus pés estavam formigando, achei que fosse cair. Lentamente fui levantando o olhar e avistei na beira da escada aquela figura misteriosa da porta. Eu até este momento não sabia o quê ou quem ela era.
O medo tomou conta de meu corpo. Aquela mulher deu um passo em minha direção.
__ Você é a Isabela, não é? Leandro me falou muito sobre você, até mesmo o Alexandre, a “nova aluna”.
__ Sim, sou eu mesma – Respondi entre risos para disfarçar minha surpresa – Mas todo mundo me chama de Isa.
__ Bem Isa, todo mundo me chama de Laura.
“Meu Deus, péssima, péssima piada. E o que essa mulher está fazendo? Sendo tão amável comigo! Parece até que não me viu aponto de beijar Alexandre, oras! Ela pensa que eu não sei!”.
Ri da sua piada infame. É tão bom ser, ou parecer, simpática às pessoas, naquela época eu gostava que as pessoas gostassem de mim.
__ Bem, é melhor eu descer, Leandro deve estar impaciente me esperando. Parece que fiquei uma eternidade aqui em cima.
__ Sei!
“Sei? Controle-se, Isa, controle-se. Assim que eu descer as escadas não precisarei mais aguentar toda essa ironia barata”.
Enquanto descia as escadas ficava imaginando porque Laura escondeu o que sabia.
Estava quase chegando ao encontro de Leandro e estava começando a sentir dor de cabeça. As dúvidas em meu pensamento não cessavam. “Preciso arranjar um jeito de sair daqui. Quero ir para casa urgente! Até parece ironia do destino... Até agora eu estava com o Alexandre e agora estou indo ao inferno amarrada por inúmeras correntes”.
__ Pensei que você realmente tivesse se perdido lá em cima, tudo certo agora?
__ Já estive melhor. Minha cabeça está me matando. Parece que vai explodir
__ Só um minuto, vou buscar um remédio para você.
__ Não, muito obrigada. Não é preciso. Acho que vou embora
__ Imagine, fique mais um pouco. Vamos tomar um café e assim podemos conversar – disse Laura enquanto descia as escadas.
“Outra vez essa mulher. Era só o que me faltava”.
__ Não sei não, mãe. Café com dor de cabeça parece que não vai muito bem. A não ser é claro que você queira, Isa.
__ Bem, já que vou ficar mais um pouco, então aceito o remédio que você me ofereceu.
Leandro saiu da sala correndo em direção à cozinha. Ficamos a sós novamente. Só eu e Laura.
__ Então, o que você está achando da escola? Você está gostando?
“Assunto, assunto, eu preciso encontrar um assunto até que Leandro volte”.
__ Sim, está tudo muito bom, melhor que na minha antiga escola!
__ Porque você mudou de escola?
__ Minha mãe achou melhor assim...
__ Melhor por quê?
__ Bem, eu não considero motivo suficiente para deixar uma escola, mas aconteceu... Uma professora foi afastada do cargo porque se envolveu com um aluno de 16 anos, mesmo o garoto a defendendo. Uma pena. Era minha professora preferida.
__ Professora de quê?
__ Ela era professora de Biologia. Foi um grande escândalo na época. Ela era casada e quis se separar do marido para ficar com o garoto e ele era ciumento...
__ Meu Deus! E o que aconteceu?
__ Se me lembro bem... Essa história acabou mal. O marido traído seguiu os dois e os pegou na rua. Ele estava armado e imagino que você adivinhe o final.
__ Hum... Claro! Sinceramente não consigo entender o que leva uma pessoa a fazer isso! Ele deveria estar ciente que tudo acabou! Tentar matar uma pessoa não irá resolver nada. Existe muita gente ignorante nesse mundo.
__ Que mal lhe pergunte, qual a sua profissão? Isso se você tem uma... Eu nunca ouvi o Leandro falar de você!
__ Eu trabalho com artes... Sou pintora, desenhista, artista plástica... Eu estou pensando em talvez abrir uma Galeria. Algo bem simples...
__ Que legal! Achei bem interessante... Mas para você abrir uma galeria, você não precisa de uma ajuda... Tipo ter outra pessoa no mesmo projeto?
__ Entendo sua dúvida, Isabela.
__ Isa, por favor! – Na hora me arrependi de tê-la corrigido. Nosso Bate Papo, por incrível que pareça, estava bem interessante. Eu gostei dela. Apesar de tudo, ela era uma boa pessoa.
__ Pois é, Isa, eu tenho um sócio. Ele também está bem animado com o projeto. O nome dele é Nelson.
__ Ele também pinta?
__ Sim, na verdade eu e ele estudávamos juntos quando eu ainda estudava arte. Ultimamente estou só pintando, mas não tenho feito nada além de pintar, antigamente, eu costumava fazer muitas outras coisas.
Nesse momento, Leandro voltava a estar em nosso meio. Ele trazia uma cartelinha de remédios e um copo com água. Rapidamente peguei o copo e dois comprimidos.
“O clima está perfeito. Laura é muito educada. Nunca pensei que fosse gostar tanto da esposa do homem que eu gosto”.
__ Então, Isa, vamos tomar café? Eu preparei um bolo e quero que você experimente.
__ Pensei que você fosse artista não confeiteira – olhei para Leandro e ele estava sério, depois olhei para Laura e ela estava com um sorriso amarelo. A partir daí, prometi a mim mesma que nunca mais faria piadas em minha vida.
Estávamos eu, Laura e Leandro, um olhando para a cara do outro quando o sol passou a iluminar meus olhos.
Alexandre chegou perto da mesa. Olhou cada um de nós. Enquanto olhava para mim, Laura não parou de olhar na minha direção, talvez estivesse esperado que algo acontecesse.
“Mas por quê? Porque ela insiste em fingir que não nos viu? Afinal de contas, se ela não tivesse chegado naquele momento, provavelmente teríamos nos beijado. E ela sabe disso”.
__ Acho que vou tomar uma xícara de café com vocês. Então filho, como foi no shopping? Vocês se divertiram?
A pergunta de Alexandre me estremeceu por dentro, cheguei a pensar que ele fosse dizer algo inapropriado.
__ Foi ótimo, assistimos a um filme, eu gostei bastante, mas parece que a Isa não gostou. - Todos passaram a me olhar. Fiquei muito assustada com todos aqueles pares de olhos curiosos.
__ Eu não achei muito interessante. Não havia nada que me chamasse a atenção – “Para falar a verdade, eu nem olhei para a tela do cinema. Eu só tive tempo para pensar em apenas uma coisa”.
__ Eu particularmente adoro os clássicos – Disse Laura olhando em minha direção.
Durante todo o café me senti no centro do universo, todas as conversas giravam em torno de mim. Sempre que surgia um novo assunto, minha opinião era questionada. Sentia-me deitada numa maca, enquanto médicos me examinavam de todas as formas possíveis.
__ Você, Isa, gosta de clássicos?
“Ainda nesse assunto de cinema. Na verdade é melhor que continue nessa linha respeitável, assim eu consigo suportar. Espero que não me façam nenhuma pergunta pessoal”.
__ bem, eu já assisti a alguns e gostei, contando que o filme seja bom, não me interessa o ano ou se é falado ou mudo.
__ É exatamente o que eu digo – Laura continuou – sendo bom o filme, o resto não importa. O Alexandre na verdade gosta mais de lançamentos. Bons ou Ruins.
__ Claro, eu prefiro o que é novo – Disse Alexandre enquanto me olhava de cima a baixo.
“Prefiro o que é novo?” Durante todo o café tentei engolir essa frase. Frase estranhíssima, aliás.
Leandro estava num óbvio interesse em mim, acredito que apenas carnal. Alexandre não olhava para mais nada a não ser eu, e até mesmo Laura continuava me observando sem mover a cabeça um só momento.


Quando fui embora, os três foram me levar até a porta. E mesmo eu já caminhando pra longe, pude perceber que todos eles me acompanhavam com os olhos.
Havia parado de chover.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Capítulo TRÊS

Entramos na casa de Leandro. Lá fora ainda chovia. Estávamos molhados da cabeça aos pés. Encharcados, fomos entrando pela sala de estar enquanto tirávamos blusas e casacos.
A sala estava na penumbra do crepúsculo, ajudada pela tempestade que caia lá fora. De tempo em tempo a sala se iluminava por algum raio que caia, mas mesmo iluminando a sala, parecia que tudo continuava escuro e triste.
__ Você tem uma toalha sobrando para eu me secar?
__ Toalha! Espere um pouco... Vou ver no Banheiro!
__ Não! Eu estava mesmo precisando ir ao banheiro. Será que posso?
__ Claro Isa! O banheiro é lá em cima. Sobe as escadas, segue o corredor e é a ultima porta.
__ Será que não tem um mapa para eu me localizar? – até achei a piada um pouco legal, mas olhei para Leandro e acho que ele não gostou então subi as escadas em silêncio.
Quando cheguei ao andar de cima, parecia que eu estava presa em um labirinto. Havia muitas portas e nesse momento, já nem me lembrava das instruções que Leandro me deu. Somente estava pensando em alguma desculpa para ir embora.
Mas no momento eu precisava mesmo ir ao banheiro. E na pressa acabei entrando pela primeira porta em que achei. Por sorte encontrei um banheiro no quarto em que havia entrado. Passei pela porta e fechei-a atrás de mim. Lá havia uma banheira, uns armários e ao lado várias toalhas. Peguei a primeira delas, uma toalha azul-marinho. “Bem que essa podia ser do Alexandre”.
Consegui ficar um pouco mais seca depois de muito tempo. “E agora? O que eu faço com essa toalha molhada?” Deixei-a pendurada no primeiro lugar que encontrei. Acho até que ali não era lugar para toalha.
Abri a porta. Alexandre estava na cama.
Ao vê-lo, senti uma mistura de sentimentos. Parecia que meu coração ia explodir em mil pedaços Sentia emoção como se eu fosse chorar e principalmente sentia muita vergonha por estar de frente a ele. Nunca havia o visto em sua intimidade, apenas o via atrás de uma mesa, cheio de livros e divinamente explicando as coisas esquisitas da Física.
Naquela hora, meu coração estava batendo fortemente quando ouvi sua voz doce falando comigo.
__ Isabela, acredito que tenha uma boa explicação para me dar. Ouvir-te-ei sem atrapalhar.
“Não posso acreditar nisso. Meu Deus, o que vou falar agora?” Tentei falar alguma coisa, mas acabei gaguejando e recomecei a falar.
__ Me desculpe. Eu estava procurando o banheiro e acabei entrando por engano aqui. Mas percebi que tinha um banheiro e... Eu não tive intenção de fazer nada – Estava quase chorando de verdade e estava até pensando em me mudar para o Peru ou Bolívia para nunca mais ter que olhar para a cara dele.
__ Imagine, está tudo bem. Leandro me disse que tinha uma colega da escola aqui com ele, mas eu nunca imaginei que seria você. Por que... Você Sabe... Eu... Não considero alunos ou alunas como considero você... Bem, quero dizer...
“Não considero alunos ou alunas como considero você? – Eu realmente ouvi isso? Meu Deus!”.
__ Bem, o que eu quero dizer, sem mais rodeios é que acho você especial, diferente dos outros alunos.
Ele veio chegando pra perto de mim e eu sem recuar, esperei que ele chegasse até mim, me abraçou e ficamos assim, abraçados, como se o mundo fosse acabar e por isso precisássemos um do outro.
Senti meu coração descompassado, cheguei a pensar por um momento que fosse desmaiar. Minhas pernas pareciam não querer obedecer. Estavam trêmulas.
_Eu...
Alexandre quis dizer algo, mas sua voz e coragem cessaram por um momento. Silêncio. Ficamos olhando nos olhos enquanto abraçados, meu rosto encostado no dele, colados pelo calor do momento.
Ouvi passos na escada. Quis terminar o abraço, mas não consegui. Apenas separei meu rosto do dele.
Não sabia o que fazer naquele instante. Poderia ser o Leandro. Não queria que ele me visse com seu pai. Fiquei eufórica, nunca havia sentido nada igual em minha vida. Estava suando muito, achei que iria morrer de desidratação.
Alexandre fixou seus olhos pretos nos meus, fiquei com medo do que ele fosse fazer. Seus lábios se aproximaram cada vez mais de mim... Sonhei tanto com esse momento. De repente ele desviou sua boca carnuda para perto de minha orelha. Um arrepio subiu por meu corpo e ele começou a sussurrar palavras suaves que eu desejava ouvir.
Enquanto Alexandre me fazia sentir coisas estranhas, vi pela porta entreaberta uma figura feminina. Poderia ter sido apenas uma alucinação ou quem sabe um fantasma que assombrava meus melhores sonhos. Parecia muito bom para ser verdade. Meus olhos queriam parar de olhar para ela, mas meus instintos me fizeram continuar.
Ela era um pouco alta para ser uma garota. Estava com seus cabelos louros presos de um jeito sensual. Seus olhos azuis se destacavam no ambiente. Tive medo de pensar o que ela fosse nessa família. Finalmente tinha o Alexandre tão perto de mim que não queria nem mesmo respirar. Aquele momento seria único em minha vida. Desviei meu olhar à porta que agora estava vazia.
Ficamos em silêncio. Não aquele silêncio que incomoda, que nos deixa pensando em algo para dizer apenas para haver, por mais terrível que seja, assunto. Ouvíamos apenas nossas respirações ofegantes e alteradas.
Finalmente tive coragem suficiente para olhar nos olhos de Alexandre. Ele me soltou do abraço e ficamos sem saber o que fazer ou falar. Olhei para o chão com a única intenção de não ter que encará-lo.
Intermináveis minutos se passaram até que algo acontecesse. Alexandre olhou nos meus olhos mais uma vez, entrou no banheiro e trancou a porta.
Agora sozinha no quarto, pude ouvir novamente a chuva que caía. Estava escuro. Enxuguei as lágrimas, arrumei meu cabelo, ainda molhado e sai pela porta. Sorria um sorriso de medo e ansiedade, mas de qualquer forma, eu finalmente, finalmente sorria.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Capítulo DOIS

Leandro veio chegando por detrás de mim. Era uma Segunda-feira chuvosa e ele parecia estar muito animado, mesmo estando o tempo daquela forma.
Chovia desde Domingo. Estava frio e agradável. Estava me sentindo mal. Sempre que chovia em excesso eu me sentia sozinha e triste, principalmente agora com esse meu amor platônico.
Alexandre não viria hoje, não o veria por intermináveis horas. Sofria com cada segundo que se demorava a passar. Eu precisava vê-lo. Precisava para me sentir viva.
__ Isa, o que é que você tem hoje? Parece que esta chuva te deixou tão pra baixo. É isso? É a chuva?
__ Não! Eu estou um pouco sem o que fazer. Eu até gosto da chuva. Acho inspirador...
__ Ah claro! Se quiser a gente pode ir ao shopping, quem sabe assistir a um filme que esteja em cartaz no cinema.
__ Leandro, eu não quero que você se sinta obrigado a ficar comigo. Eu não ligo de ficar sozinha.
__ Eu gosto de ficar com você! Você é uma pessoa interessante.
Nesse momento, olhei bem nos lhos de Leandro e percebi que ele ficou envergonhado ao falar isso. Não sei se percebi corretamente, mas parecia que ele estava me paquerando.
“Bem... claro que isso não deve ser verdade, imagina só... O filho do meu professor querido apaixonado por mim – É melhor nem pensar”.
__ Então Isa, você vai ou não vai?
__ Claro, porque não? Um filme não faz mal a ninguém. Principalmente com essa chuva maravilhosa.



Saímos do cinema. O filme tinha sido terrível. Assistimos apenas por assistir. Durante toda a sessão Leandro ficou com seu braço direito sobre meus ombros. Não que fosse impróprio, mas eu tinha detestado aquilo. Depois de um tempo ele colocou a mão no meu joelho, senti asco e raiva ao mesmo tempo. Minha vontade de sair pela porta foi grande, mas consegui aguentar todo o filme.
Após termos saído do cinema, ficamos andando pelo shopping e de repente Leandro se interessou por uma loja esportiva. Ele resolveu entrar nessa loja e foi quando lembrei que precisava voltar para casa.
__ Leandro, eu não posso demorar, preciso voltar para casa urgente!
__ Por quê? O que aconteceu? Você está sentindo alguma coisa?
“Bem... Na verdade estava tudo péssimo. Não acredito que a única pessoa que eu conheço estava querendo coisas a mais. Até parece ironia... Eu amo o Alexandre e quem retribui esse sentimento é você” – Eu estava quase respondendo isso para ele, mas resolvi mentir. Falei a primeira coisa que me veio a cabeça
__ O problema é a Física. Eu não consigo entender nada. Eu preciso estudar um pouco!
__ Se você quiser ir lá em casa eu posso te ensinar, lá tem muitos livros de física, como você deve imaginar.
Olhei nos seus olhos e tive vontade de chorar. Não sei porque, pois o pior já tinha passado, mas de qualquer maneira, eu não queria passar nem mais um segundo perto dele. Ele me dava nojo. Antes do cinema eu sentia apenas um sentimento de repulsa, mas agora ficara insuportável. Eu queria distância dele. Apenas distância.
__ Então, vamos? Posso te explicar a matéria, e também, caso você me ache um mau professor – disse entre risos – Eu posso pedir ajuda para o meu pai. Ele deve estar em casa.
“Alexandre, o que eu não faço por você? Até aguentar esse intragável por uma tarde toda, somente na esperança de te ver”.
__ Bem, já que você insiste... Vamos

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Capítulo UM

Desde o primeiro dia em que passei a estudar nesta escola minha vida mudou bastante, ainda não sei se para melhor, mas garanto que mudou muito. Eu era totalmente tímida e não conhecia ninguém.
Entrei na sala e escolhi um lugar junto a parede. Não queria chamar atenção. Fiquei apenas observando as pessoas em volta enquanto as aulas passavam por mim.
Meu dia até então estava sendo vazio e um pouco entediante até a última aula começar. Enquanto estavam todos apreensivos, eu estava começando a ficar feliz porque o momento tortura numa escola de estranhos estava acabando. Foi quando meu dia se tornou mais perfeito.
Ele vestia uma camisa azul, calça e sapatos pretos, carregava uma bolsa e vários livros. Despejou tudo na mesa.
__ Você então é a nova aluna? Bem, eu sou o Professor Alexandre. Professor de Física, aliás. Seja muito bem vinda a nossa Escola.
Meus olhos se encheram de lágrimas ao ver o professor. Nem consegui prestar atenção na aula. “Acredito que a partir de hoje, vou passar a adorar as aulas de Física”. O que achei interessante e até um pouco intrigante foi ver a grande semelhança de meu professor preferido com um dos alunos que por um acaso, eu nem sabia o nome.
Ao final da aula, notei que aquele garoto foi para casa, acompanhado pelo professor. Talvez eles sejam amigos ou talvez parentes. Pouco importa isso, o que importa mesmo é o Alexandre. “Não acredito que ele é meu professor, isso trás muitos problemas”.
Cheguei em casa e fui correndo para o meu quarto. “Estava tudo normal até o momento”. Olhei para meus livros e lembrei que tinha muita lição me esperando. Abri minha apostila e por coincidência abri na parte de Física. Comecei a fazer, mas notei que por não ter prestado a atenção devida a aula, eu não conseguia.

__ Hei, garota nova! Como é que você se chama? Eu sou o Leandro
__ Ah, oi. Eu sou Isa, Isabela na verdade, mas ninguém me chama assim.
__ Eu percebi que ontem você estava um pouco isolada do grupo e por isso resolvi “fazer contato”. Se precisar de alguma coisa, qualquer coisa pode vir falar comigo!
__ Ah! Claro! Valeu... Leandro... É isso não é?
__ Sim, é isso!
Demos um sorriso amarelo por convenção e entramos na sala de aula.
__ A primeira aula é do meu pai, lembra dele? O professor de Física.
“Então é isso...”.
__ Parece ser estranho ter aula com seu próprio pai, você não acha?
__ Não, não mais. Ele é meu professor há quatro anos.
__ Nossa! Ele parece ser bem legal... – Eu fiz esse comentário somente para continuar conversando com ele. “Não é um assunto que todos gostam – conversar sobre professor ainda por cima sendo de Física, mas ele é Especial!”.
Alexandre entrou olhando nos meus olhos, senti um choque correndo por todo o meu corpo. Sua presença apenas me causava arrepios de alegria. Lutei com todas as minhas forças para não chorar e ao invés disso, apenas lhe dei um sorriso discreto. Um sorriso de aluna para professor.
A aula passava como sempre e eu não conseguia prestar atenção. “Eu não consigo entender o porquê eu estou tão entretida com o professor”. Enquanto eu pensava em alguma resposta para as minhas perguntas, percebi que estavam todos olhando para mim então resolvi voltar à realidade. Foi quando o Alexandre refez uma pergunta destinada a mim:
__ Então Isabela, segundo a minha explicação, você poderia me responder qual a fórmula devemos usar neste caso?
“Não acredito nisso, na primeira vez que ele fala comigo eu já não sei o que dizer. Dizer que eu não sei é pior que não dizer nada”. Ao ver que eu não sabia a resposta, sem que Alexandre visse, Leandro me mostrou a resposta em sua apostila e eu respondi.
__ Muito bem, sendo a fórmula... – Alexandre continuou com a explicação enquanto eu agradecia a ajuda.


Era sábado. Um dos dias que eu mais adorava e que agora não me chamava muito a atenção porque não via meu professor preferido. Estava em meu quarto, infeliz e sozinha quando o telefone tocou insistentemente. Desci a escada correndo e logo cheguei perante o telefone. Ao atender, ouvi uma voz rouca conversando comigo. Demorei a perceber quem era.
Coloquei o telefone no ganho e voltei para o meu quarto.
Fiquei muito transtornada por não reconhecer a voz misteriosa e agora fiquei pensando se o que fiz foi uma falta de educação minha. Decidi não pensar nisso, até porque, se fosse realmente importante, teriam ligado novamente. Neste sábado, fazia uma semana que passei a estudar naquela escola e conhecia apenas um garoto. Meu sábado estava muito entediante. Confesso que até pensei em ligar para o Leandro, mas fique com muita vergonha.