segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Capítulo ONZE

Era domingo. Levantei e fui escovar os dentes. Me olhei no espelho e vi minha imagem. “Hoje é o pior dia da minha vida! É aniversário do Leandro. Não quero mais brincar desse jogo de aparências.” Naquele dia acordei cedo e sai para tentar comprar arranjar alguma “lembrancinha”, mas nem tinha idéia do que comprar.
Acabei comprando-lhe um filme, mesmo minha mãe tendo me dado dinheiro suficiente para algo mais interessante. “Leandro não merece nem este filme.” Fui até uma loja e comprei um vestido pra mim. Um balonê roxo maravilhoso. Usaria naquela noite exclusivamente para Alexandre.
O dia passou mais rápido para o meu desespero. Já era noite e eu era convidada de honra na festa.
Fui andando pela rua vazia e parei em frente a casa de Leandro. Ainda pensava se devia participar ou não do aniversário.
O silêncio prevalecia quando uma mão passou por meu ombro. Virei bruscamente quando uma boca encostou na minha.
Enquanto ele me beijava abri os olhos. Detestava o beijo de Leandro. Continuei ali depois de um tempo. Abraçada a ele. Tentava imaginar que quem estava nos meus braços era Alexandre, mas era impossível. “Ah, se você fosse o Alexandre. Se fosse eu te abraçaria até o fim dos tempos. Respiraria a sua respiração.”
- Feliz aniversário, Leandro. – Disse com lágrimas nos olhos. Me sentia tão triste de estar ali com ele. Com Leandro. Isso me doía fisicamente, tinha vontade de cortar os pulsos se isso resolvesse meus problemas.
- Obrigado, meu amor. – “Meu amor?”
- Meu amor?
-Sim, não foi assim que você me chamou outro dia, Isa?
- Ah, é claro... Eu me esqueço que somos... “Não deveria ter dito isso.” Mas não se preocupe... Meu amor... Hoje é um dia muito especial pra você. – Chamar o Leandro de “meu amor” era uma dor que eu não agüentava mais.
Entramos na sala e Leandro passou a conversar com os convidados. Olhei num canto e vi Stéfany sozinha ainda admirando a casa. Fui até ela que me abraçou forte.
- Queria mesmo conversar com você nessa hora. Preciso te perguntar algo muito importante.
“Você quer conversar um assunto sério comigo? Nós mal nos conhecemos!”
- Sobre o que você quer falar?- Perguntei fingindo interesse.
- É sobre o Alexandre.
- Sobre o Alexandre? “Sobre o Alexandre? Mas o que você pode estar querendo afinal de contas?”
- Sim.
- Então diga! Diga logo!”Se você vai falar sobre o que aconteceu no dia do trabalho de física então fale logo!”
- Eu acho que o Alexandre está dando em cima de mim e aprece que está dando em cima de você também! Acho que você ainda não notou.
“Filha, se você soubesse...”
- Sério? Mas por que você pensa isso? – Perguntei me controlando ao máximo. “Se eu pudesse rir agora!”
- Eu percebi uns olhares maliciosos em cima de mim. E também percebi que ele olha de um jeito estranho pra você!
“Era só o que me faltava! Essa canalha dá em cima de todas!”
- Eu nunca percebi nada... – Nunca soube mentir muito bem. Nesse momento eu precisava ser boa, mas não consegui. Me afastei de Stéfany. Agora estava precisando encontrar Alexandre e falar tudo o que pensava. Queria bater nele. E primeiramente queria ir embora daquele lugar.
Andei pela festa toda por quase meia hora até finalmente encontrar Alexandre. Ele estava deslumbrante. Todo de preto. Eu com o meu vestido maravilhoso. Tão maravilhoso! Leandro não tinha dito nada sobre isso ou sobre qualquer outro assunto, só tinha ficado me agarrando.
- Alexandre, posso falar com você por um instante?
- Claro, Isa! Vamos para um lugar que não tenha ninguém. Quero te mostrar uma coisa.
Passamos por todos na festa. Passei ao lado de Nelson. Ele me olhou e depois virou a cara. Perto dele estava Laura, que me encorajou ao meu ver Alexandre me puxando para fora.
Passamos pelo jardim e Alexandre me puxou até a rua. Não falávamos nada desde que saímos da festa, apenas trocávamos olhares. Ele ficou na minha frente e não fui capaz de lhe dizer uma única palavra. Ficamos apenas parados o mais próximo possível.
Ele colocou as mãos no contorno do meu rosto e me olhou no fundo dos olhos. Percebi que não me daria um abraço naquele momento.
Eu segurei seus pulsos enquanto ele aproximava sua cabeça em direção da minha. Senti sua respiração ofegante se aproximar cada vez mais. Minha boca pedia o seu beijo. Ele me puxou mais perto dele e então, pela primeira vez, pude sentir o sabor doce dos seus lábios.
Me senti nas nuvens, Minhas pernas ficaram moles parei de respirar enquanto Alexandre me beijava. Seu beijo era extremamente gostoso. Não queria parar nunca. Neste momento queria tirar toda a sua roupa. Não me importava mais com nada. Ele me largou e deu as costas.
Fiquei parada. Minha cabeça pensava mil coisas e meu coração batia como se fosse meu último dia viva. Uma lágrima correu em meu rosto.
- Por que você faz isso comigo? Por quê? – Agora chorava.
Alexandre olhou nos meus olhos e se aproximou novamente.
- Esse beijo não significou nada pra você?
Essa pergunta doeu no fundo do meu coração. Não tinha palavras para responder. Me aproximei de Alexandre. Minhas mãos corriam seu corpo.
Dei um beijo em sua bochecha e depois me aproximei de sua boca. Parei em frente a ela. Alguns segundos se passaram quando voltei a beijá-lo. Agora eu o agarrava. Passei a ter certeza do que queria.
Alexandre me apertava contra seu corpo cada vez mais. Eu podia sentir sua respiração junto a minha. Eu finalmente respirava sua respiração.
Nada passava pela minha cabeça. Nada. Toda energia do meu corpo estava concentrada no meu coração. Estava disparado. Tão bom se sentir assim!
Ele passou as mãos nos meus cabelos e me olhou nos olhos. Ficamos parados na calçada molhada sem dizer nada.
Pouco tempo depois Alexandre voltou para festa me deixando sozinha na rua. Fiquei imóvel nos primeiros minutos enquanto tentava me convencer que o que tinha acabado de acontecer não tinha sido fantasia.
Voltei para a festa. Havia mais pessoas do que antes. Tentei passar por elas, que dançavam, mas foi impossível. Procurei por Laura, mas não a vi em lugar algum. Nem ela nem Nelson. Leandro também havia desaparecido
Andei pelos cantos procurando por eles. Cheguei a passar pela porta da sala quando avistei Stéfany.
Ela estava de frente para mim. Junto dela estava Leandro.
Enquanto ele a beijava, Stéfany me olhava nos olhos.

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