quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Capítulo NOVE

Cheguei na sala depois de descer aquelas intermináveis escadas. Quantas vezes eu já tinha descido aqueles degraus? Leandro veio na minha direção com um ponto de interrogação no lugar da cabeça.
__ Você não pegou as folhas?
“As Folhas! Malditas folhas, tinha me esquecido por completo delas”.
__ Não consegui encontrar folha nenhuma – Respondi olhando para Stéfany, que continuava encantada com aquele lugar. Ainda estava examinando todos os cantos possíveis. “Não deve nem ter notado que eu sai”.
__ Tudo bem, essa casa é um labirinto mesmo, ninguém nunca encontra nada. Eu vou até lá em cima buscar as folhas e já venho.
“Espero que ele não entre no Ateliê como eu fiz”.
Leandro seguiu pelas escadas e eu fiquei com Stéfany. Ela agora olhava para mim com uma feição muito alegre e eu apenas pensava no que Laura havia me dito. “Tudo tem que dar certo! Mal posso esperar por esse momento”. Um grande barulho tomou conta do lugar. Eu assustei, pois estava calma. Stéfany se levantou de onde estava sentada e tirou um celular do bolso. Ela atendeu.
Nesse momento, a porta da casa abriu. Olhei na direção e vi Alexandre entrar deslumbrante pela porta. Meu coração começou a palpitar de emoção. Ele veio caminhando em minha direção. Stéfany ainda falava no celular.
Sem desligar a ligação, ela deu um “oi” para Alexandre e tornou a sentar-se.
Alexandre me deu um beijo na bochecha, aqueles beijos que são ao mesmo tempo formais e íntimos, mas que hoje em dia se tornou um cumprimento banal. Não para nós dois. Nós sabíamos que era muito mais do que apenas “ser educado”.
“Ele me deu um beijo, oh. É melhor eu me sentar”. Não conseguia me mover. Alexandre já tinha me cumprimentado, mas continuava em minha frente.
Pouco tempo depois, Stéfany desligou o celular e me olhou de um modo desconfiado. Depois se virou para Alexandre e disse entre risos:
__ É melhor eu sair, acho que vocês querem conversar. Devo estar interrompendo.
“O que essa filha da mãe está fazendo? Me encarando com cara de “Eu seu de tudo”. Você não sabe de nada! Está me ouvindo? De Nada!”.
Não podia acreditar que isso estava acontecendo. Meu mundo estava prestes a desabar. Se Stéfany tivesse mesmo percebido tudo, eu estaria em suas mãos. Olhei para Alexandre e ele também estava preocupado. “Ele não podia ter feito isso. Não agora que tudo parecia estar dando certo”. A minha maior preocupação, até então, era o que poderia acontecer se Stéfany contasse tudo a Leandro.
Alexandre entendeu minha preocupação e me abraçou calorosamente. Me senti confortada ao por minha cabeça em seu peito. Assim era o único jeito que eu poderia me sentir calma.
“Pelo menos nem Stéfany, nem Leandro estão aqui. Eles falam demais”. Certas coisas não precisam ser ditas. Já estão entendidas sem precisar falar nem ao menos uma única palavra.
“Ah, Alexandre, como eu te amo, você não tem ideia, se você soubesse. Ah, se você soubesse. Se você me amasse apenas a metade do que eu te amo. Te Amo. Te Amo. Gritar bem alto, antes que isso me mate. Eu te Amo! Está me ouvindo?”.
Estávamos mais uma vez abraçados. Podia sentir novamente seu coração batendo junto ao meu. Éramos um só outra vez. “Esperei tanto por isso, você nem imagina”.
Alexandre me apertava com força, parecia que tinha ouvido meus pensamentos. Talvez tenha ouvido mesmo, já não me lembrava se tinha falado ou pensado tudo aquilo. De qualquer maneira, nós sabíamos o pensamento um do outro. As palavras eram desnecessárias.
Alexandre agora me deixava sozinha com meus pensamentos. Não queria mais fazer nada, estava muito bem do jeito que estava quando uma mão passou por meus ombros. Pensei que fosse Alexandre, que ele havia voltado para me beijar. Aquela mão estava me dando arrepios.
__ Sim, meu amor!
Virei quando percebi a cara de excitação de Leandro. Ele estava surpreso com minha fala e eu percebi que havia feito a maior besteira de minha vida. “Tinha que ter falado nisso, não é Isa? Como eu sou idiota!”.
__ O que você disse Isa? Disse “meu amor”!
Leandro olhava nos meus olhos procurando algo para dizer. Algo que coubesse naquela estranha situação. “Pare de me olhar assim”. A resposta não está escrita na minha testa! Pense Isa! “Pensa em algo pra dizer antes que esse idiota estrague tudo mais uma vez”.
__ Eu estava brincando – Disse seriamente. Percebi que ele não acreditara no que estava ouvindo. “Melhor eu dar um sorriso daqueles”.
Sorri. Ele agora sorria de volta.
__ Isa, sobre o que você disse...
“Oh não! De novo não! Porque não cai logo um raio na minha cabeça?”.
__ Eu queria te falar uma coisa...
Meu estômago estava começando a doer. Já estava prevendo minha morte antecipada quando uma luz surgiu por entre a porta.
__ Leandro, sua casa é o máximo. Sem falar que é enorme.
“Nisso eu concordo com você”. Respirei fundo e peguei as folhas que estavam nas mãos de Leandro.
__ Vamos logo fazer esse trabalho... Quero terminar logo com isso!
Voltamos para o redor da mesa e Leandro animado resolvia todos os exercícios. Não estava nem prestando a atenção, por mim ele poderia fazer qualquer coisa. De vez em quando, ele pedia minha opinião e eu concordava com tudo.
As horas passavam por mim e rapidamente acabamos o trabalho. Stéfany também não tinha feito nada. Leandro fez o trabalho e junto com seu nome, mais dois iriam ganhar uma boa nota. Ela foi embora assim que seu celular tocou mais uma vez. Ficamos a sós. Leandro e eu.
__ Queria terminar aquela conversa que começamos antes de fazer o trabalho, tudo bem? – Perguntou e colocou sua mão no meu ombro direito.
__ Claro, porque não? – “Quem mandou dizer ‘meu amor’? Agora agüenta!”.
__ Eu queria te fazer uma pergunta a algum tempo e só agora criei coragem...
__ Pode perguntar. “Eu não tenho escapatória mesmo”. Leandro, você está bem? Você está ficando vermelho?
__ Você quer ser minha namorada?
Agora eu ficara vermelha. Meu coração disparou. Precisei me sentar. Não se passava nada em minha cabeça. O que eu poderia fazer numa situação dessas?
__ Agora quem está vermelha é você! Não precisa responder agora se não quiser...
__ Sim ,eu quero ser sua namorada. “O que?! O que eu disse? Não pode ter sido eu. Ah, o que eu não faço pra esse garoto se calar”.
Leandro veio em minha direção. Colocou os braços em volta de minha cintura. Ficou bem próximo de mim. Colou seu rosto no meu e me deu um beijo.
Enquanto ele me beijava, pensava. Pensava muito. Minha mente viajou com a intenção de não sentir aquele beijo. “Pelo menos com um namorado, não vão perceber que eu amo meu professor. Ah, Leandro, você me dá nojo, você nem sabe o quanto!”.
Olhei nos seus olhos e ele me beijou mais uma vez.

Um comentário:

  1. Nossa!!! Mas e o Alexandre agora??? O filho e o pai!!! Vai dar encrenca!!! rsrsrs

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