sábado, 29 de agosto de 2009

Capítulo CINCO

__ Então Isa, você entendeu mesmo? Nessa parte você tem que prestar atenção, parece difícil, mas não é. Pode acontecer de ter alguma pegadinha em uma questão, mas acho que não vai acontecer. Isso é o essencial que você precisa saber no momento.
“Meu dia já começou mal. A Física está me matando” – Nessa hora não queria mais pensar em nada. Tudo o que o Leandro falava entrava em minha cabeça e não fixava. Eu não aguentava mais ouvir a voz dele, estava ficando enjoada.
“Se é para aprender Física que seja com o Alexandre”.
__ Você está entendendo? Parece que não.
“Meu Deus! Como ele insiste em me irritar, além de eu não ter pedido explicação nenhuma, ele ainda fica me obrigando a entender o que eu não quero saber. Não saber e pedir ajuda para o professor”.
__Claro que estou entendendo.
__ Então o que foi que eu disse?
“Quando eu disse que não sabia a matéria, não queria que você me explicasse”.
Lembro de, antes da interminável explicação de Leandro, ter pensando “Vou comentar que estou com duvida em relação a matéria e perguntar se ele sabe onde o Alexandre está. Assim eu posso tentar esclarecer o que aconteceu ontem”.
__ Não sei, desculpe. Eu não estou conseguindo entender.
__ Tudo bem, eu sou um péssimo professor. Talvez meu pai possa lhe explicar.
__ Acredito que seja melhor mesmo. Eu só acho que ele pode ficar bravo comigo por eu não conseguir entender.
__ Imagina Isa! Tenho certeza que ele vai te explicar... Ele não é um carrasco.
__ E você sabe onde ele está?
__ Bem... Provavelmente ele deve estar na Sala dos Professores... Vai até lá... E acho melhor você ir logo porque vai bater o sinal. Ai ficará difícil você falar com ele.
Dei as costas para Leandro e fui em direção à Sala dos Professores. Nunca havia reparado que aqueles corredores eram tão longos. Parecia que estava andando a horas. Eu já estava começando a ficar nervosa. “Quero tirar essa história a limpo”. Porém tinha medo de estragar minha fantasia. Ainda não sabia se esse seria mesmo o melhor caminho a seguir.
Fui me aproximando do meu destino. Minha mente não pensava em mais nada, estava começando a achar que deveria sair correndo e deixar tudo como está.
Apareci na porta e todos os professores olharam para mim. Eu olhei por toda a sala e não pude ver o Alexandre. “Ele não pode ter faltado hoje”.
__ Há algum problema Senhorita Isabela? – educadamente perguntou-me Miguel, professor de História.
__ Eu estava procurando o professor Alexandre...
__ Ele está na Secretaria.
__ Obrigada professor. Eu vou ver se consigo falar com ele.
Sai de lá correndo, tinha pânico de Sala dos Professores. “Foi numa sala dessas que aquela professora foi pega com o aluno”. Ainda me lembro desse dia. Cheguei na escola e fui até a secretária procurando pela professora Juliana, precisava lhe mostrar um artigo sobre células-tronco que tinha encontrado na internet. Percebi que não havia ninguém na escola, além de mim e outros funcionários. Fui até a sala dos professores, aquela sala nunca ficava vazia, provavelmente alguém iria me informar sobre a professora.
Abri a porta. As luzes estavam apagadas. “Luzes Apagadas? Elas nunca estão apagadas”. Num dos cantos, encontrei Juliana com um de meus amigos. Ela e Gabriel não me viram.
Sai e fechei a porta sem fazer barulho. Enquanto andava pelo corredor, pude ver que a faxineira da escola estava entrando por aquela porta. Minutos depois ouvi gritos e um choro compulsivo.
Ouvi o sinal da primeira aula tocando. “É melhor correr se eu ainda quiser falar com Alexandre”. Sai correndo como uma louca, talvez tenha até esbarrado em alguém, mas nem liguei. Continuei correndo.
Estava me aproximando da Secretaria quando parei de correr. Meu coração estava batendo muito forte e rapidamente. Comecei a ouvir vozes. Ouvi a voz do Alexandre, esta eu não confundia, e também uma outra voz que não consegui saber de quem era. Abri a porta. Fui entrando sem ser percebida.
A conversa fluía normalmente. Eu ainda continuava sem saber de quem era aquela voz. Continuei entrando. De repente o sol iluminou a janela e refletiu em minha cara branca. Todos passaram a me observar. Fiquei assustada e com vergonha.
Todos olhando para mim, menos Alexandre e uma garota com quem ele conversava. Ela era alta, de olhos e cabelos castanhos. Seu sorriso era mágico, chamava a atenção de todos, inclusive a minha.
__ Com licença professor – disse abaixando a cabeça – Posso falar com o senhor por um momento?
Aquela garota olhava insistentemente na minha direção. “Sim, eu sei que interrompi a sua conversa”.
__ Só um minuto, Isabela. Já falo com você.
“Já falo com você? Que audácia, depois do que aconteceu ele vai continuar me tratando como uma mera aluna?”
__ Sim, senhor – Respondi entre dentes.
__ Não, não! Me espere na sala de aula.
“Me espere na sala de aula! Agora não consigo entender nada. Aquele sem vergonha de professorzinho de merda”. Segui andando pelo corredor e apenas pensava em como poderia matar a aula daquele que nem quero dizer o nome.
“Meu Deus! Não quero olhar para ele. Essa família está começando a se tornar repugnante”. Cheguei a porta da Sala. Meu olhar se desviou para dentro. Vi minha carteira vazia e todos os alunos estavam conversando. Olhei Leandro, ele era o único que estava em silêncio lendo um livro. Continuei parada na porta, quando recebi um empurro de leve. A menina da secretaria passou por mim e entrou na sala. Ela se direcionou a uma carteira vaga ao lado da minha.
Alexandre, no mesmo momento, passou do meu lado e entro na sala. Ele nem reparou em mim. Entrou irritado e começou a gritar com a classe.
__ Silêncio! Eu quero silêncio agora! Vamos ter uma Prova Surpresa sobre a matéria da semana passada. Você Stéfany, se não quiser fazer a prova, tudo bem. Afinal de contas você chegou hoje.
Stéfany? Mas que nome... Lembra-me alguém.”
Olhei para Stéfany e ela tinha sua aparência feliz. “É claro que tem a aparência feliz, ela acabou de se livrar de uma prova de Física”. Todos fecharam seus livros e Alexandre passou entregando as provas. Ele colocou uma sobre minha carteira e quando olhei tive vontade de me matar. A prova tinha três páginas de frente e verso e várias figuras que eu nem sabia do que se tratava. Olhei em volta e estavam todos concentrados fazendo a tal desgraça da prova de Física. Leandro nem piscava e Stéfany olhava para mim.
“Prova Surpresa? Péssima ideia... Devia ter entrado na escola hoje, assim eu também não teria que fazer a prova. Que tanto essa garota me olha?”
Me virei para Stéfany e lhe dei um sorriso, que me foi correspondido animadamente, tão eufórico que achei estranho.
Alexandre andava pela classe em volta das fileiras, ao passar por mim, deixou sobre minha mesa uma folha de caderno. Pensei que talvez pudesse ser um bilhete explicando o acontecimento do dia anterior. Não era. No papel estava anotado todas as respostas da prova. Fiquei paralisada, não sabia o que eu deveria fazer.
Ele continuou andando pela sala enquanto Stéfany assistia a tudo.

Um comentário:

  1. ai, quero saber o pq dele ter dado as respostas pra ela, quando sai o cap. 6?

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